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Argamassa projetada: confira tudo o que você precisa saber
Você já conhece a argamassa projetada? Sabe suas vantagens e desvantagens em comparação ao sistema de lançamento convencional (colher de pedreiro)?
Estas e outras questões vamos responder no decorrer deste artigo para te ajudar a decidir qual o melhor sistema para a sua obra. Confira!
Diferenças
A argamassa projetada se difere da argamassa convencional em basicamente dois parâmetros:
1. Aplicação: é feita utilizando um equipamento de projeção específico, como o apresentado na figura abaixo. Este equipamento faz o bombeamento da argamassa por meio de um mangote, que faz a projeção da argamassa.
Crédito: Betomaq
2. Traço:neste caso, não é possível a projeção de uma argamassa com traço feito em obra. Como a argamassa é projetada sob pressão, o traço precisa ser desenvolvido exatamente para esta finalidade, de forma que tenha a consistência necessária para passar pelo mangote e para que não segregue. Portanto, neste caso, é indispensável a compra de argamassas desenvolvidas para projeção. Existem no mercado argamassas industrializadas para esta finalidade ou argamassas estabilizadas projetáveis. Mas nem toda argamassa estabilizada é desenvolvida para projeção. Por isso, se optar pelo uso de argamassas estabilizadas, é importante confirmar com o fornecedor se esta argamassa pode ser projetada.
Ok, entendi. Mas e aí, quais as vantagens e desvantagens da argamassa projetada?
Vantagens da argamassa projetada
Qualidade
O sistema de projeção permite que a argamassa seja lançada com uma energia constante, tanto para aplicação na parte baixa da parede (perto do piso), como na parte alta (perto do teto). Nestas regiões, por uma questão de ergonomia, o lançamento com a colher de pedreiro consuma ser mais difícil, o que pode gerar locais de baixa aderência. Na figura abaixo há um mapa de aderência muito interessante feito por Santos, Carasek, Lemes e Cascudo (2008).
Nele, fica claro este impacto da ergonomia na aderência.
O uso de argamassa projetada, se aplicada por uma equipe experiente, consegue reduzir drasticamente estas divergências de aderência entre áreas de aplicação.
Crédito: Santos, Carasek, Lemes e Cascudo (2008)
Produtividade
Devido à rapidez com que a máquina faz a projeção e a possibilidade de se cortar esta argamassa ainda no estado úmido (com régua H), há um ganho substancial de produtividade. Além disso, como não se usa argamassa produzida em canteiro, não há necessidade desta mão de obra para a produção da argamassa a ser utilizada.
Normalmente os próprios equipamentos de projeção são acoplados à misturadores de argamassa, o que torna o processo mais ágil. A argamassa a ser misturada pode ser dosada tanto em saco, como por meio de um sistema de silo a granel. Este último traz ainda a vantagem de não haver necessidade de ter a movimentação de sacos dentro da obra. Conforme comentado anteriormente, pode-se ainda projetar certos tipos de argamassa estabilizada, o que também traz grande agilidade.
Crédito: Blog da Liga
Em termos de produtividade, alguns estudos indicam que a projeção chega a gerar um ganho de produtividade superior a 50%. Isso significa que, para um mesmo número de pessoal, se aplica 50% mais reboco em um mesmo período de tempo.
Economia de material
Comparada à argamassa virada em obra, a argamassa projetada gera menores perdas de material, uma vez que a produção é sob demanda e pelo fato de que a espessura de aplicação é mais facilmente controlada, gerando menores perdas após o corte. Além disso, pela melhor energia de lançamento, há também menores quedas de material. Com uma equipe bem treinada, a perda com o sistema de projeção é praticamente zero.
Desvantagens da argamassa projetada
Necessidade de mão de obra especializada
Apesar de a aplicação de argamassa por projeção ser relativamente simples, há a necessidade de mão de obra especializada para que os ganhos de qualidade e produtividade se concretizem. A equipe deve ser devidamente trainada para aplicar a argamassa com o mangote e para cortar e sarrafear na hora certa.
Vale aqui ressaltar que existe uma curva de aprendizado. Caso a construtora decida ter sua própria mão de obra especializada em projeção, possivelmente os ganhos aqui listados só devem começar a aparecer a partir da segunda ou terceira obra, visto que a equipe precisa se acostumar com o novo sistema.
Custo de equipamento
Caso se contrate uma empresa especializada em projeção (empreiteira), este custo já está normalmente embutido no valor cobrado por m². Entretanto, caso opte por adquirir uma máquina própria, este custo precisa ser contabilizado.
Uma curiosidade é que normalmente o valor que uma empreiteira cobra para aplicação por projeção e o custo de aplicação manual é praticamente o mesmo.
Isso ocorre porque o custo de equipamento acaba equivalente à maior quantidade de pessoas na aplicação manual para uma mesma produção diária.
Bom, agora que você já conheceu um pouco do sistema de projeção de argamassa, conte para nós o que achou!
Diogo de Bem– Consultoria Técnica InterCement Brasil