Construção
Casa na praia: como construir em frente ao mar
Ter uma casa na praiaé um sonho de muitas pessoas. Tudo o que não se quer é ver este sonho virar em um pesadelo. Você já imaginou aquela tão sonhada casa de praia começar a apresentar problemas poucos anos após construída?
Na realidade, construir em uma região litorânea não se difere muito de uma construção no interior. Mas alguns cuidados adicionais são necessários para garantir uma boa durabilidade da construção. A principal razão disso está ligada à névoa salina, popularmente conhecida como maresia.
Maresia
Muitos já sabem que a maresia costuma gerar danos a equipamentos eletrônicos deixados em casas na praia. É muito normal a durabilidade de uma TV ou ar condicionado ser muito menor na praia do que na cidade. Mas você sabia que a estrutura de concreto também sofre com ela?
A maresia carrega diversos compostos químicos vindos da água do mar, sendo o cloreto o mais crítico para a durabilidade das estruturas. A razão para isso é que o cloreto gera uma grande aceleração do processo de corrosão.
Corrosão da armadura
De uma forma geral, utiliza-se estruturas de concreto armado para a construção das casas ou edifícios. E como o próprio nome já diz, estes tipos de estrutura levam armadura, a qual também está sujeita à corrosão devido à maresia.
A reação de corrosão destas armaduras é extremamente prejudicial para o concreto armado por duas razões principais:
- A reação de corrosão é expansiva, ou seja, o produto formado pela corrosão (óxido de ferro) tem um volume maior que a barra de aço original. Por isso, o concreto costuma fissurar, o que faz com que mais maresia consiga entrar em contato com essas barras, acelerando ainda mais o problema.
- Com a corrosão, as barras de aço perdem diâmetro, fazendo com que também tenham menor capacidade de suportar os esforços existentes. Isso pode fazer com que sejam necessários reforços destas estruturas para garantir a sua estabilidade.
Fonte: Pinterest
Então, casa na praia só em madeira?
Entendi. Maresia e concreto armado não combinam! Então se deve construir somente em madeira?
Calma! Não necessariamente.
O importante é dificultar ao máximo que o cloreto entre em contato com a armadura. Para isso, alguns cuidados adicionais são necessários.
A própria norma NBR 6118 define classes de agressividades diferentes para essas situações. Ela classifica como Classe II as regiões urbanas normais, Classe III as regiões marinhas e Classe IV locais onde se tem respingos de maré, como trapiches de concreto, por exemplo.
O que muda?
O que muda, basicamente, entre essas classes de agressividade são o seguinte:
- Cobrimento das armaduras mínimo
- Resistência mínima e relação água/cimento (a/c)
A exigência de cobrimentos de armadura maiores para estruturas de concreto em regiões marinhas são para que haja uma “barreira” maior entre o ambiente e o aço. Já a resistência do concreto e a relação a/c seriam para que se tivesse um concreto menor permeável, dificultando também o ingresso do cloreto.
Além disso, é importante ainda lançar e vibrar adequadamente o concreto, evitando a formação de “bicheiras” e realizar adequadamente a manutenção do revestimento da construção. Isso faz com que se crie mais uma barreira adicional entre o ambiente e o aço do concreto.
Materiais metálicos
É importante saber ainda que não é somente o aço do concreto que sofre com a maresia e sim, todos os materiais metálicos, como portões e até mesmo esquadrias da sua casa na praia. Por isso, é importante que se escolham materiais com uma proteção adequada contra a corrosão, como materiais zincados ou com pinturas de proteção específicas. No caso de a proteção ser por meio de pintura, é necessária que esta seja devidamente mantida por meio de manutenção periódicas.
Viu? Não é tão mais difícil construir sua casa na praia. É só tomar alguns cuidados a mais que se terá uma construção duradoura.